May 29, 2024

A Trip to the Capim River (1897)

In June 1897, a team from the Museu Paraense de História Natural e Etnographia (Natural History and Ethnography Museum of Para) sailed to the Capim River. That region had been known since colonial times as it was a strategic point for the Portuguese government, with numerous mills installed along the river course. From a scientific perspective, however, it was poorly explored until the beginning of the 20th century.

The first naturalist to visit the river was the British Alfred Russel Wallace in 1849. Although brief, the narrative he wrote played an important role in the scientific exploration of that region given it was the first description of the river and work that attracted the attention of other naturalists to the natural history of the area. Wallace gathered important collections of birds during this trip (nowadays part of the Natural History Museum of London bird collections).

After him, the Brazilian botanist João Barbosa Rodrigues, sponsored by Brazilian government, visited the Capim River in 1874. It is important to note that besides his report, Barbosa Rodrigues also produced a map of the river. Both materials were important sources for Jacques Huber’s expedition in 1897. Before the trip to the Capim river, he copied in his diary part of Barbosa Rodrigues’ report , as well as he carried a photograph of the map.

The team from the Museum of Para included Jacques Huber, Emil Göldi, Ludwig Tschümperli, and João Batista de Sá. They first sailed to Aproaga mill, owned by Vicente Chermont de Miranda, the main sponsor of the trip. He not only provided transportation, assistants and provisions but also accompanied the expedition himself.

Aproaga mill
(Cantonal Archive of the City of Basel, Switzerland)

According to a report Göldi published in 1903, their scientific explorations started at the exact point where Wallace’s had ended. They sailed until the Capim rapids (Cachoeiras do Capim) - at that point, the water level was too low for them to continue. On their way up, they explored numerous streamlets, lakes, and tributaries of the main course.

The team was assisted by local guides, all of them indigenous and Afro-descendants (for example, a Tembé man named Martin appears in some photos taken by Jacques Huber; and an Afro-descendant hunter named Tito is mentioned in Tschümperli’s travel report).


Martin with his family in Poço Real
(Cantonal Archive of the City of Basel, Switzerland)

They also visited some indigenous settlements (Tembé) along the river, such as Uauiri, Acari Ussuaua, and Poço Real. Huber was especially interested in the “roças” (small farms) and the numerous domesticated plants they cultivated.


An indigenous "roça" in Poço Real
(Cantonal Archive of the City of Basel, Switzerland)

The trip resulted in numerous botanical and zoological collections for the museum, including more than three hundred plant specimens.

Huber and Göldi returned two months later, both ill, which led them to travel to other states for treatment (Huber went to Ceará – see Expeditions section – and Göldi to Rio de Janeiro). Tschümperli arrived in such bad health that he returned to his homeland, Switzerland.

The Capim River map is available in the Expeditions section. Navigate through the layers to view specific information or overlay them to have a contextualized perspective of Huber’s journeys.

To learn more about this trip, we suggest reading the article by Nelson Sanjad and Claudio Ximenes (2022), Intertextuality and knowledge translation in travel reports: the Capim River and its inhabitants in the narratives of Alfred Russel Wallace (1849), João Barbosa Rodrigues (1874–1875) and Emil Goeldi (1897).


Uma Viagem ao rio Capim (1897)


Em junho de 1897, uma equipe do Museu Paraense de História Natural e Etnographia navegou até o rio Capim. Essa região era conhecida desde os tempos coloniais, pois era um ponto estratégico para o governo português, com inúmeros engenhos instalados ao longo do curso do rio. Do ponto de vista científico, no entanto, foi pouco explorada até o início do século XX.


O primeiro naturalista a visitar o rio foi o britânico Alfred Russel Wallace em 1849. Embora breve, a narrativa escrita por ele desempenhou um papel importante na exploração científica da região, pois foi primeira descrição do rio e o trabalho que chamou a atenção de outros naturalistas para a história natural daquele local. Wallace fez uma importante coleção de aves durante essa viagem (hoje parte das coleções ornitológicas do Museu de História Natural de Londres).


Em seguida, o botânico brasileiro João Barbosa Rodrigues, patrocinado pelo governo brasileiro, visitou o rio Capim em 1874. É importante notar que, além de seu relatório, Barbosa Rodrigues também produziu um mapa do rio. Ambos os materiais foram tomados como fontes por Jacques Huber para a expedição de 1897. Antes da viagem ao rio Capim, ele copiou em seu diário parte do relatório de Barbosa Rodrigues, bem como levou uma fotografia do mapa.


A equipe do museu paraense incluía Jacques Huber, Emílio Goeldi, Ludwig Tschümperli e João Batista de Sá. Eles navegaram primeiramente até o engenho Aproaga, de propriedade de Vicente Chermont de Miranda, o principal patrocinador da viagem. Ele não apenas forneceu transporte, auxiliares e provisões, mas ainda acompanhou a expedição pessoalmente.


De acordo com um relatório que Goeldi publicou em 1903, as explorações científicas da equipe do museu começaram exatamente no ponto onde Wallace havia terminado as dele. Eles navegaram até Cachoeiras do Capim - naquele local, o nível da água estava muito baixo para que pudessem continuar. No caminho até lá, exploraram vários igarapés, lagos e afluentes.


A equipe foi auxiliada por guias locais, todos indígenas e afrodescendentes (por exemplo, um homem Tembé chamado Martin aparece em algumas fotos tiradas por Jacques Huber; e um caçador afrodescendente chamado Tito é mencionado no relatório de viagem de Tschümperli).


Eles também visitaram algumas aldeias indígenas (Tembé) ao longo do rio, como Uauiri, Acari Ussuaua e Poço Real. Huber estava especialmente interessado nas "roças" e nas inúmeras plantas domesticadas que cultivavam.


A viagem resultou em inúmeras coleções botânicas e zoológicas para o museu, incluindo mais de trezentos espécimes de plantas.


Huber e Goeldi retornaram dois meses depois, ambos doentes, o que os levou a viajar para outros estados para tratamento (Huber foi para o Ceará – veja a seção Expeditions – e Goeldi para o Rio de Janeiro). Tschümperli chegou em tão mau estado de saúde que retornou para sua terra natal, a Suíça.


O mapa do rio Capim está disponível na seção Expeditions. Navegue pelas camadas para visualizar informações específicas ou sobreponha-as para ter uma perspectiva contextualizada das jornadas de Huber.



Nelson Sanjad
Lucas Monteiro de Araujo

April 24, 2024

The trip to the Brazilian Guyana (1895)

The trip to the Brazilian Guyana (nowadays state of Amapá) was the first scientific expedition Jacques Huber took part in since he arrived in Brazil in 1895. The trip was not only scientific-led but also had political interests, as that region was at the center of a territorial dispute between Brazil and France.

The Goeldi Museum team visited the villages of Cunani and Amapá. The first was occupied by French adventurers and declared the capital of the Republic of Cunani in 1886 (this "republic" was nothing more than a geopolitical fantasy). The second was attacked by French soldiers in May 1895, resulting in the death of dozens of people and the burning of several houses. The Goeldi Museum expedition, in October and November 1895, was fundamental in gathering information that would later be used by Brazilian diplomacy. In international arbitration, this region was declared Brazilian in 1900.

Special attention must be given to the photos Huber took on this trip, as they not only document the environment and aspects of both villages but also the people involved in the Franco-Brazilian dispute and some cultural practices.

The map is available in the Expeditions section. Navigate through the layers to view specific information or overlay them to have a contextualized perspective of Huber's journeys.


Members of the Goeldi Museum expedition. From left to right: Manoel, Jacques Huber, 
Lieutenant Colonel Aureliano Guedes, Max Tänner (back), Manoel Guedes, and Emil Göldi. 
On the floor, archaeological urns found in Cunani.
(Cantonal Archive of the City of Basel, Switzerland)

Village of Cunani in 1895 (in the current State of Amapá, Brazil).
(Cantonal Archive of the City of Basel, Switzerland)

A viagem à Guyana Brasileira (1895)

A viagem à Guiana Brasileira (atual estado do Amapá) foi a primeira expedição científica em que Jacques Huber participou desde que chegou ao Brasil em 1895. Além dos objetivos científicos, a viagem também tinha interesses políticos, já que a região estava no centro de uma disputa territorial entre o Brasil e a França.

A equipe do Museu Goeldi visitou as aldeias de Cunani e Amapá. A primeira foi ocupada por aventureiros franceses e declarada a capital da República de Cunani em 1886 (esta "república" não passava de uma fantasia geopolítica). A segunda foi atacada por soldados franceses em maio de 1895, resultando na morte de dezenas de pessoas e na queima de várias casas. A expedição do Museu Goeldi, entre outubro e novembro de 1895, foi fundamental para reunir informações que mais tarde seriam utilizadas pela diplomacia brasileira. Em arbitragem internacional, essa região foi declarada brasileira em 1900.

Atenção especial deve ser dada às fotos que Huber tirou nesta viagem, pois elas não apenas documentam o ambiente e os aspectos de ambas as aldeias, mas também as pessoas envolvidas na disputa franco-brasileira e algumas de suas práticas culturais.

O mapa está disponibilizado na seção Expeditions. Navegue pelas camadas para visualizar informações específicas ou sobreponha-as para ter uma perspectiva contextualizada das viagens de Huber.

Nelson Sanjad
Lucas Monteiro de Araujo

March 14, 2024

Marajó Island expeditions added to "Expeditions" section

The archipelago of Marajó – located at the mouth of the Amazon River – was visited by Jacques Huber four times: in 1896 (Cachoeira do Arari and Cape Maguary); 1900 (Aramá River); and 1902 (Jutuba). 

The region is a rich field for botanical studies due to its unique landscape: vast natural fields cover the east and northeast portions of the main island, while the rainforest fills its south and west parts. Huber explored both sides, resulting in approximately 555 botanical specimens for the Goeldi Museum’s herbarium.

Moreover, Marajó is also an area of significant archaeological interest. The natural fields hold numerous mounds built by ancient indigenous groups. Along the expeditions to Cape Maguary and to Cachoeira do Arari, Jacques Huber collected plants and describled the vegetation of a few of those mounds, as well as, he registered the existence of many other mounds (some of them still unknown to science nowadays).

Special attention should be given to the maps (in the "drawings" tab) and photos Huber made in Marajó. The archipelago is still poorly mapped today (the precise locations of numerous farms are not yet recorded), and some of the properties Huber visited no longer exist (such as the farm of Aureliano Pinto Lima Guedes). Therefore, the photos and maps are unique records of the region.


Map of Cape Maguary (1896)
(Marajó Notebook nº 20, Goeldi Museum)

Farm of Aureliano Pinto de Lima Guedes (1896)
(Archive Guilherme de La Penha, Goeldi Museum)

The four expeditions Huber made to Marajó are assembled on one map available in the Expeditions section. Navigate through the layers to view specific information or overlay them to have a contextualized perspective of Huber's journeys.

Expedições ao Marajó adicionadas à seção Expedições

O arquipélago de Marajó - localizado na foz do rio Amazonas - foi visitado por Jacques Huber quatro vezes: em 1896 (Cachoeira do Arari e Cabo Maguary); 1900 (rio Aramá); e 1902 (Jutuba).

A região é um rico campo para estudos botânicos devido à sua paisagem única: vastos campos naturais cobrem as porções leste e nordeste da ilha principal, enquanto a floresta tropical preenche suas partes sul e oeste. Huber explorou ambos os lados, resultando em aproximadamente 555 espécimes botânicos para o herbário do Museu Goeldi.

Além disso, o Marajó também é uma área de significativo interesse arqueológico. Os campos naturais abrigam numerosos montículos construídos por antigos grupos indígenas. Ao longo das expedições ao Cabo Maguary e à Cachoeira do Arari, Jacques Huber coletou plantas e descreveu a vegetação de alguns desses montículos, bem como registrou a existência de muitos outros tesos (alguns ainda desconhecidos pela ciência nos dias de hoje).

Especial atenção merece ser dada aos mapas e fotos que Huber fez no Marajó. O arquipélago ainda é pouco mapeado (a localização/identificação de várias fazendas ainda está ausente dos mapas), algumas das propriedades visitadas por Huber já nem existem mais (como a fazenda de Aureliano Pinto Lima Guedes). As fotos e mapas, assim, são registros únicos da região.

As quatro expedições que Huber fez ao Marajó estão reunidas em um único mapa disponível na aba Expeditions. Navegue pelas camadas para visualizar informações específicas ou sobreponha-as para ter uma perspectiva contextualizada das viagens de Huber.


Lucas Monteiro de Araujo