During their journey, Huber and Kraatz-Koschlau visited what are now the municipalities
of Bragança, Tracuateua (then called Alto Quatipuru), Quatipuru, São João de
Pirabas, Ourém, Capitão Poço, and São Miguel do Guamá. In these locations, they
were assisted by numerous local interlocutors, such as the engineer Guilherme
von Linde; the intendent (Mayor) of Bragança, César Augusto de Andrade Pinheiro; the
director of the agricultural colony Benjamin Constant, João Regio Benjamin Valverde; as
well as many unnamed guides, mostly workers from the farms they visited.
As Huber traveled through the region, he paid special attention to mapping the towns and villages, which resulted in two of the three journals from this expedition being composed exclusively of maps or the routes taken.
Map of Quatipuru in 1899
(source: Diary No. 32,
Atlantic Coast and Bragantine Region, Guilherme de La Penha Archive, Goeldi Museum).
Also noteworthy is Huber’s visit to the shell mound on Marinheiro Island (located in the north of Quatipuru), which resulted in one of the few known photographic records of the mound, as well as observations on its degradation caused by lime production. According to Huber, half of the midden had already been excavated.
Degraded shell-mound on Marinheiro Island, State of Pará
(source: Huber and
Kraatz-Koschlau, "Zwischen Ocean und Guamá", 1900).
Huber’s account and pictures also holds
historical and ecological significance for having documented the region prior to the
arrival of the Belém-Bragança Railway. After the inauguration of the railway’s
final stretch in 1908, the landscape faced a significant transformation. Rivers, streamlets, channels, forests, and natural fields once
traversed by Huber and Kraatz-Koschlau gave way to large rural properties
dedicated primarily to livestock and agriculture. These changes have made it
difficult to trace the exact route followed by the two researchers and to
produce the interactive map, since many of the landmarks mentioned in Huber’s diaries
and in the book “Zwischen
Ocean und Guamá” (Between the Ocean and the Guamá River), published in 1900, no longer exist.
Huber himself, in an article published in the journal “A Lavoura Paraense” in 1908, noted the landscape changes caused by the arrival of the railway. This led him to advocate for the “effective protection of the remaining virgin forests against indiscriminate devastation” and, even more emphatically, for the “methodical planting of native trees” in areas that had already been degraded at the beginning of the twentieth century.
Portrait of Karl von Kraatz-Koschlau in the forest near the Açaiteua
River (Tracuateua)
(source: State Archive of the
Canton of the City of Basel, Switzerland).
In early January 1900, Huber and Kraatz-Koschlau
returned to Belém via the Guamá River. The journey resulted in the addition of
over a hundred new botanical specimens to the Herbarium of the Goeldi Museum,
along with geological collections. The investigation allowed Huber to
determine the geographic distribution of several plant species, as well as
estimate the boundaries of biogeographic zones, in association with
geomorphological analyses.
The interactive map of the expedition to the Atlantic coast
and Bragantine region is available in the Expeditions section. You may navigate through
the layers to view specific information, or overlay them to gain a
contextualized perspective of the journey.
Uma viagem à zona bragantina na virada do milênio, 1899-1900
Em princípios de dezembro de
1899, os chefes das seções de botânica e de geologia do Museu Paraense de
História Natural e Etnografia, Jacques Huber e Karl von Kraatz-Koschlau,
respectivamente, partiram de barco de Belém em direção à cidade de Bragança, no
nordeste paraense. Lá ficaram por dois meses explorando a grande área
compreendida entre os rios Gurupi (leste), Guamá (sul) e o oceano (norte).
Essa região, conhecida popularmente
como “salgado”, figurava nos relatos de viajantes desde a segunda metade do
século XVIII, especialmente pelos inúmeros sambaquis lá existentes, explorados
na produção de cal, conforme registrou Alexandre Rodrigues Ferreira. Já no
século XIX, Domingos Soares Ferreira Penna e vários membros da Comissão
Geológica do Império (1875-1878) visitaram a região para estudos arqueológicos
e geológicos.
A viagem de Huber e Kraatz-Koschlau
foi centrada nos estudos fitogeográficos, ecológicos e geológicos, trabalho
que, apesar das contribuições de pesquisadores que os precederam, ainda consideravam
insuficiente. A associação entre botânica e geologia fez com que, ao lado das
extensas listas de espécies da flora local, bem comuns nos diários de Huber,
também figurem vários registros da estratigrafia - ou “perfil”, como o botânico
chamava - do solo em diversos pontos por eles visitados.
Nessa viagem, Huber e Kraatz-Koschlau
visitaram os atuais municípios de Bragança, Tracuateua (na época, chamada de
Alto Quatipuru), Quatipuru, São João de Pirabas, Ourém, Capitão Poço e São
Miguel do Guamá. Nesses locais, eles foram auxiliados por inúmeros
interlocutores locais, como o engenheiro Guilherme von Linde; o intendente de
Bragança, César Augusto de Andrade Pinheiro; o diretor da colônia agrícola de
Benjamin Constant, João Regio Benjamin Valverde, além de inúmeros guias não
nomeados, sobretudo funcionários das fazendas que visitaram.
Em seu trânsito pela região
bragantina, Huber deu especial atenção ao mapeamento das cidades e vilas, o que
resultou em dois, dos três diários dessa viagem, serem exclusivamente de mapas
das localidades ou das rotas seguidas.
Merece destaque também a visita
feita por Huber ao sambaqui da ilha do Marinheiro (ao norte de Quatipuru), que
resultou em um dos poucos registros fotográficos conhecidos do montículo em
finais do século XIX, bem como observações sobre seu processo de degradação provocado
pela produção de cal. De acordo com Huber, metade do sambaqui já havia sido
escavada.
A narrativa de Huber sobre a
região também ganha importância histórica e ecológica por tê-la documentado antes
da chegada dos trilhos da Estrada de Ferro de Belém-Bragança. Após a
inauguração do último trecho da ferrovia, em 1908, aquela área sofreu uma
significativa transformação em sua paisagem. Rios, igarapés, furos, zonas de
matas e campos percorridos por Huber e Kraatz-Koschlau deram lugar a extensas
propriedades rurais voltadas, sobretudo, à agropecuária. Tais mudanças dificultaram
a identificação da rota percorrida pelos dois e a produção do mapa interativo,
haja visto que parte dos pontos de referência citados nos diários de Huber e no
livro “Zwischen Ocean und Guamá” (Entre o Oceano e o Guamá), publicado pelos
dois em 1900, deixou de existir.
O próprio Huber, em artigo que
publicou no periódico “A Lavoura Paraense”, em 1908, notou as mudanças na
paisagem que a chegada da via férrea ensejava, fato que o levou a defender a
“proteção eficaz das matas virgens ainda existentes contra a devastação
desordenada” e, mais ainda, a “plantação metódica de árvores silvestres” nos
locais já degradados no início do século XX.
Em princípios de janeiro de 1900,
Huber e Kraatz-Koschlau retornaram a Belém via rio Guamá. A viagem resultou em
mais de uma centena de novos espécimes botânicos ao herbário do Museu Paraense,
além de coleções geológicas. As informações reunidas permitiram que Huber
determinasse a distribuição geográfica de diversas espécies de plantas, além de
estimar a fronteira de zonas biogeográficas, em associação com análises
geomorfológicas.
O mapa da viagem à costa atlântica e região bragantina está disponível na seção Expeditions. Navegue pelas camadas para visualizar informações específicas ou sobreponha-as para ter uma perspectiva contextualizada das jornadas de Huber e Kraatz-Koschlau.