April 26, 2025

A Journey to the Region of Bragança at the Turn of the Millennium, 1899–1900


In early December 1899, the heads of the botany and geology sections of the Museu Paraense de História Natural e Etnografia, Jacques Huber and Karl von Kraatz-Koschlau, respectively, sailed from Belém toward the town of Bragança, in the northeastern part of the state of Pará (Brazil). They remained there for two months, exploring the vast area between the Gurupi River (to the East), the Guamá River (to the South), and the Ocean (to the North).

This region, popularly known as “Salgado” (a territory bordered by saline waters), had been featured in travelers’ accounts since the second half of the eighteenth century, especially due to the numerous sambaquis (shell mounds) found there, which were exploited for lime production, as noted by Alexandre Rodrigues Ferreira in the 1780s. In the nineteenth century, Domingos Soares Ferreira Penna and several members of the Brazilian Imperial Geological Commission (1875–1878) visited the area for archaeological and geological studies.

The journey undertaken by Huber and Kraatz-Koschlau focused on phytogeographic, ecological, and geological studies, a work that, despite the contributions of earlier researchers, they still considered insufficiently. The combination of botany and earth sciences meant that, alongside extensive lists of local plant species, commonly found in Huber’s diaries, there are also numerous records of soil stratigraphy or sedimentary sequences at various sites they visited.

Soil stratigraphy near Ourém, State of Pará
(source: Diary No. 31, Atlantic Coast and Bragantine Region, Guilherme de La Penha Archive, Goeldi Museum).

During their journey, Huber and Kraatz-Koschlau visited what are now the municipalities of Bragança, Tracuateua (then called Alto Quatipuru), Quatipuru, São João de Pirabas, Ourém, Capitão Poço, and São Miguel do Guamá. In these locations, they were assisted by numerous local interlocutors, such as the engineer Guilherme von Linde; the intendent (Mayor) of Bragança, César Augusto de Andrade Pinheiro; the director of the agricultural colony Benjamin Constant, João Regio Benjamin Valverde; as well as many unnamed guides, mostly workers from the farms they visited.

As Huber traveled through the region, he paid special attention to mapping the towns and villages, which resulted in two of the three journals from this expedition being composed exclusively of maps or the routes taken.

Map of Quatipuru in 1899
(source: Diary No. 32, Atlantic Coast and Bragantine Region, Guilherme de La Penha Archive, Goeldi Museum).

Also noteworthy is Huber’s visit to the shell mound on Marinheiro Island (located in the north of Quatipuru), which resulted in one of the few known photographic records of the mound, as well as observations on its degradation caused by lime production. According to Huber, half of the midden had already been excavated.

Degraded shell-mound on Marinheiro Island, State of Pará
(source: Huber and Kraatz-Koschlau, "Zwischen Ocean und Guamá", 1900).

Huber’s account and pictures also holds historical and ecological significance for having documented the region prior to the arrival of the Belém-Bragança Railway. After the inauguration of the railway’s final stretch in 1908, the landscape faced a significant transformation. Rivers, streamlets, channels, forests, and natural fields once traversed by Huber and Kraatz-Koschlau gave way to large rural properties dedicated primarily to livestock and agriculture. These changes have made it difficult to trace the exact route followed by the two researchers and to produce the interactive map, since many of the landmarks mentioned in Huber’s diaries and in the book “Zwischen Ocean und Guamá” (Between the Ocean and the Guamá River), published in 1900, no longer exist.

Huber himself, in an article published in the journal “A Lavoura Paraense” in 1908, noted the landscape changes caused by the arrival of the railway. This led him to advocate for the “effective protection of the remaining virgin forests against indiscriminate devastation” and, even more emphatically, for the “methodical planting of native trees” in areas that had already been degraded at the beginning of the twentieth century.

Portrait of Karl von Kraatz-Koschlau in the forest near the Açaiteua River (Tracuateua)
(source: State Archive of the Canton of the City of Basel, Switzerland).

In early January 1900, Huber and Kraatz-Koschlau returned to Belém via the Guamá River. The journey resulted in the addition of over a hundred new botanical specimens to the Herbarium of the Goeldi Museum, along with geological collections. The investigation allowed Huber to determine the geographic distribution of several plant species, as well as estimate the boundaries of biogeographic zones, in association with geomorphological analyses.

The interactive map of the expedition to the Atlantic coast and Bragantine region is available in the Expeditions section. You may navigate through the layers to view specific information, or overlay them to gain a contextualized perspective of the journey.


Uma viagem à zona bragantina na virada do milênio, 1899-1900

Em princípios de dezembro de 1899, os chefes das seções de botânica e de geologia do Museu Paraense de História Natural e Etnografia, Jacques Huber e Karl von Kraatz-Koschlau, respectivamente, partiram de barco de Belém em direção à cidade de Bragança, no nordeste paraense. Lá ficaram por dois meses explorando a grande área compreendida entre os rios Gurupi (leste), Guamá (sul) e o oceano (norte).

Essa região, conhecida popularmente como “salgado”, figurava nos relatos de viajantes desde a segunda metade do século XVIII, especialmente pelos inúmeros sambaquis lá existentes, explorados na produção de cal, conforme registrou Alexandre Rodrigues Ferreira. Já no século XIX, Domingos Soares Ferreira Penna e vários membros da Comissão Geológica do Império (1875-1878) visitaram a região para estudos arqueológicos e geológicos.

A viagem de Huber e Kraatz-Koschlau foi centrada nos estudos fitogeográficos, ecológicos e geológicos, trabalho que, apesar das contribuições de pesquisadores que os precederam, ainda consideravam insuficiente. A associação entre botânica e geologia fez com que, ao lado das extensas listas de espécies da flora local, bem comuns nos diários de Huber, também figurem vários registros da estratigrafia - ou “perfil”, como o botânico chamava - do solo em diversos pontos por eles visitados.

Nessa viagem, Huber e Kraatz-Koschlau visitaram os atuais municípios de Bragança, Tracuateua (na época, chamada de Alto Quatipuru), Quatipuru, São João de Pirabas, Ourém, Capitão Poço e São Miguel do Guamá. Nesses locais, eles foram auxiliados por inúmeros interlocutores locais, como o engenheiro Guilherme von Linde; o intendente de Bragança, César Augusto de Andrade Pinheiro; o diretor da colônia agrícola de Benjamin Constant, João Regio Benjamin Valverde, além de inúmeros guias não nomeados, sobretudo funcionários das fazendas que visitaram.

Em seu trânsito pela região bragantina, Huber deu especial atenção ao mapeamento das cidades e vilas, o que resultou em dois, dos três diários dessa viagem, serem exclusivamente de mapas das localidades ou das rotas seguidas.

Merece destaque também a visita feita por Huber ao sambaqui da ilha do Marinheiro (ao norte de Quatipuru), que resultou em um dos poucos registros fotográficos conhecidos do montículo em finais do século XIX, bem como observações sobre seu processo de degradação provocado pela produção de cal. De acordo com Huber, metade do sambaqui já havia sido escavada.

A narrativa de Huber sobre a região também ganha importância histórica e ecológica por tê-la documentado antes da chegada dos trilhos da Estrada de Ferro de Belém-Bragança. Após a inauguração do último trecho da ferrovia, em 1908, aquela área sofreu uma significativa transformação em sua paisagem. Rios, igarapés, furos, zonas de matas e campos percorridos por Huber e Kraatz-Koschlau deram lugar a extensas propriedades rurais voltadas, sobretudo, à agropecuária. Tais mudanças dificultaram a identificação da rota percorrida pelos dois e a produção do mapa interativo, haja visto que parte dos pontos de referência citados nos diários de Huber e no livro “Zwischen Ocean und Guamá” (Entre o Oceano e o Guamá), publicado pelos dois em 1900, deixou de existir.

O próprio Huber, em artigo que publicou no periódico “A Lavoura Paraense”, em 1908, notou as mudanças na paisagem que a chegada da via férrea ensejava, fato que o levou a defender a “proteção eficaz das matas virgens ainda existentes contra a devastação desordenada” e, mais ainda, a “plantação metódica de árvores silvestres” nos locais já degradados no início do século XX.

Em princípios de janeiro de 1900, Huber e Kraatz-Koschlau retornaram a Belém via rio Guamá. A viagem resultou em mais de uma centena de novos espécimes botânicos ao herbário do Museu Paraense, além de coleções geológicas. As informações reunidas permitiram que Huber determinasse a distribuição geográfica de diversas espécies de plantas, além de estimar a fronteira de zonas biogeográficas, em associação com análises geomorfológicas.

O mapa da viagem à costa atlântica e região bragantina está disponível na seção Expeditions. Navegue pelas camadas para visualizar informações específicas ou sobreponha-as para ter uma perspectiva contextualizada das jornadas de Huber e Kraatz-Koschlau.


Lucas Monteiro de Araújo
Nelson Sanjad

May 29, 2024

A Trip to the Capim River (1897)

In June 1897, a team from the Museu Paraense de História Natural e Etnographia (Natural History and Ethnography Museum of Para) sailed to the Capim River. That region had been known since colonial times as it was a strategic point for the Portuguese government, with numerous mills installed along the river course. From a scientific perspective, however, it was poorly explored until the beginning of the 20th century.

The first naturalist to visit the river was the British Alfred Russel Wallace in 1849. Although brief, the narrative he wrote played an important role in the scientific exploration of that region given it was the first description of the river and work that attracted the attention of other naturalists to the natural history of the area. Wallace gathered important collections of birds during this trip (nowadays part of the Natural History Museum of London bird collections).

After him, the Brazilian botanist João Barbosa Rodrigues, sponsored by Brazilian government, visited the Capim River in 1874. It is important to note that besides his report, Barbosa Rodrigues also produced a map of the river. Both materials were important sources for Jacques Huber’s expedition in 1897. Before the trip to the Capim river, he copied in his diary part of Barbosa Rodrigues’ report , as well as he carried a photograph of the map.

The team from the Museum of Para included Jacques Huber, Emil Göldi, Ludwig Tschümperli, and João Batista de Sá. They first sailed to Aproaga mill, owned by Vicente Chermont de Miranda, the main sponsor of the trip. He not only provided transportation, assistants and provisions but also accompanied the expedition himself.

Aproaga mill
(Cantonal Archive of the City of Basel, Switzerland)

According to a report Göldi published in 1903, their scientific explorations started at the exact point where Wallace’s had ended. They sailed until the Capim rapids (Cachoeiras do Capim) - at that point, the water level was too low for them to continue. On their way up, they explored numerous streamlets, lakes, and tributaries of the main course.

The team was assisted by local guides, all of them indigenous and Afro-descendants (for example, a Tembé man named Martin appears in some photos taken by Jacques Huber; and an Afro-descendant hunter named Tito is mentioned in Tschümperli’s travel report).


Martin with his family in Poço Real
(Cantonal Archive of the City of Basel, Switzerland)

They also visited some indigenous settlements (Tembé) along the river, such as Uauiri, Acari Ussuaua, and Poço Real. Huber was especially interested in the “roças” (small farms) and the numerous domesticated plants they cultivated.


An indigenous "roça" in Poço Real
(Cantonal Archive of the City of Basel, Switzerland)

The trip resulted in numerous botanical and zoological collections for the museum, including more than three hundred plant specimens.

Huber and Göldi returned two months later, both ill, which led them to travel to other states for treatment (Huber went to Ceará – see Expeditions section – and Göldi to Rio de Janeiro). Tschümperli arrived in such bad health that he returned to his homeland, Switzerland.

The Capim River map is available in the Expeditions section. Navigate through the layers to view specific information or overlay them to have a contextualized perspective of Huber’s journeys.

To learn more about this trip, we suggest reading the article by Nelson Sanjad and Claudio Ximenes (2022), Intertextuality and knowledge translation in travel reports: the Capim River and its inhabitants in the narratives of Alfred Russel Wallace (1849), João Barbosa Rodrigues (1874–1875) and Emil Goeldi (1897).


Uma Viagem ao rio Capim (1897)


Em junho de 1897, uma equipe do Museu Paraense de História Natural e Etnographia navegou até o rio Capim. Essa região era conhecida desde os tempos coloniais, pois era um ponto estratégico para o governo português, com inúmeros engenhos instalados ao longo do curso do rio. Do ponto de vista científico, no entanto, foi pouco explorada até o início do século XX.


O primeiro naturalista a visitar o rio foi o britânico Alfred Russel Wallace em 1849. Embora breve, a narrativa escrita por ele desempenhou um papel importante na exploração científica da região, pois foi primeira descrição do rio e o trabalho que chamou a atenção de outros naturalistas para a história natural daquele local. Wallace fez uma importante coleção de aves durante essa viagem (hoje parte das coleções ornitológicas do Museu de História Natural de Londres).


Em seguida, o botânico brasileiro João Barbosa Rodrigues, patrocinado pelo governo brasileiro, visitou o rio Capim em 1874. É importante notar que, além de seu relatório, Barbosa Rodrigues também produziu um mapa do rio. Ambos os materiais foram tomados como fontes por Jacques Huber para a expedição de 1897. Antes da viagem ao rio Capim, ele copiou em seu diário parte do relatório de Barbosa Rodrigues, bem como levou uma fotografia do mapa.


A equipe do museu paraense incluía Jacques Huber, Emílio Goeldi, Ludwig Tschümperli e João Batista de Sá. Eles navegaram primeiramente até o engenho Aproaga, de propriedade de Vicente Chermont de Miranda, o principal patrocinador da viagem. Ele não apenas forneceu transporte, auxiliares e provisões, mas ainda acompanhou a expedição pessoalmente.


De acordo com um relatório que Goeldi publicou em 1903, as explorações científicas da equipe do museu começaram exatamente no ponto onde Wallace havia terminado as dele. Eles navegaram até Cachoeiras do Capim - naquele local, o nível da água estava muito baixo para que pudessem continuar. No caminho até lá, exploraram vários igarapés, lagos e afluentes.


A equipe foi auxiliada por guias locais, todos indígenas e afrodescendentes (por exemplo, um homem Tembé chamado Martin aparece em algumas fotos tiradas por Jacques Huber; e um caçador afrodescendente chamado Tito é mencionado no relatório de viagem de Tschümperli).


Eles também visitaram algumas aldeias indígenas (Tembé) ao longo do rio, como Uauiri, Acari Ussuaua e Poço Real. Huber estava especialmente interessado nas "roças" e nas inúmeras plantas domesticadas que cultivavam.


A viagem resultou em inúmeras coleções botânicas e zoológicas para o museu, incluindo mais de trezentos espécimes de plantas.


Huber e Goeldi retornaram dois meses depois, ambos doentes, o que os levou a viajar para outros estados para tratamento (Huber foi para o Ceará – veja a seção Expeditions – e Goeldi para o Rio de Janeiro). Tschümperli chegou em tão mau estado de saúde que retornou para sua terra natal, a Suíça.


O mapa do rio Capim está disponível na seção Expeditions. Navegue pelas camadas para visualizar informações específicas ou sobreponha-as para ter uma perspectiva contextualizada das jornadas de Huber.



Nelson Sanjad
Lucas Monteiro de Araujo

April 24, 2024

The trip to the Brazilian Guyana (1895)

The trip to the Brazilian Guyana (nowadays state of Amapá) was the first scientific expedition Jacques Huber took part in since he arrived in Brazil in 1895. The trip was not only scientific-led but also had political interests, as that region was at the center of a territorial dispute between Brazil and France.

The Goeldi Museum team visited the villages of Cunani and Amapá. The first was occupied by French adventurers and declared the capital of the Republic of Cunani in 1886 (this "republic" was nothing more than a geopolitical fantasy). The second was attacked by French soldiers in May 1895, resulting in the death of dozens of people and the burning of several houses. The Goeldi Museum expedition, in October and November 1895, was fundamental in gathering information that would later be used by Brazilian diplomacy. In international arbitration, this region was declared Brazilian in 1900.

Special attention must be given to the photos Huber took on this trip, as they not only document the environment and aspects of both villages but also the people involved in the Franco-Brazilian dispute and some cultural practices.

The map is available in the Expeditions section. Navigate through the layers to view specific information or overlay them to have a contextualized perspective of Huber's journeys.


Members of the Goeldi Museum expedition. From left to right: Manoel, Jacques Huber, 
Lieutenant Colonel Aureliano Guedes, Max Tänner (back), Manoel Guedes, and Emil Göldi. 
On the floor, archaeological urns found in Cunani.
(Cantonal Archive of the City of Basel, Switzerland)

Village of Cunani in 1895 (in the current State of Amapá, Brazil).
(Cantonal Archive of the City of Basel, Switzerland)

A viagem à Guyana Brasileira (1895)

A viagem à Guiana Brasileira (atual estado do Amapá) foi a primeira expedição científica em que Jacques Huber participou desde que chegou ao Brasil em 1895. Além dos objetivos científicos, a viagem também tinha interesses políticos, já que a região estava no centro de uma disputa territorial entre o Brasil e a França.

A equipe do Museu Goeldi visitou as aldeias de Cunani e Amapá. A primeira foi ocupada por aventureiros franceses e declarada a capital da República de Cunani em 1886 (esta "república" não passava de uma fantasia geopolítica). A segunda foi atacada por soldados franceses em maio de 1895, resultando na morte de dezenas de pessoas e na queima de várias casas. A expedição do Museu Goeldi, entre outubro e novembro de 1895, foi fundamental para reunir informações que mais tarde seriam utilizadas pela diplomacia brasileira. Em arbitragem internacional, essa região foi declarada brasileira em 1900.

Atenção especial deve ser dada às fotos que Huber tirou nesta viagem, pois elas não apenas documentam o ambiente e os aspectos de ambas as aldeias, mas também as pessoas envolvidas na disputa franco-brasileira e algumas de suas práticas culturais.

O mapa está disponibilizado na seção Expeditions. Navegue pelas camadas para visualizar informações específicas ou sobreponha-as para ter uma perspectiva contextualizada das viagens de Huber.

Nelson Sanjad
Lucas Monteiro de Araujo

March 14, 2024

Marajó Island expeditions added to "Expeditions" section

The archipelago of Marajó – located at the mouth of the Amazon River – was visited by Jacques Huber four times: in 1896 (Cachoeira do Arari and Cape Maguary); 1900 (Aramá River); and 1902 (Jutuba). 

The region is a rich field for botanical studies due to its unique landscape: vast natural fields cover the east and northeast portions of the main island, while the rainforest fills its south and west parts. Huber explored both sides, resulting in approximately 555 botanical specimens for the Goeldi Museum’s herbarium.

Moreover, Marajó is also an area of significant archaeological interest. The natural fields hold numerous mounds built by ancient indigenous groups. Along the expeditions to Cape Maguary and to Cachoeira do Arari, Jacques Huber collected plants and describled the vegetation of a few of those mounds, as well as, he registered the existence of many other mounds (some of them still unknown to science nowadays).

Special attention should be given to the maps (in the "drawings" tab) and photos Huber made in Marajó. The archipelago is still poorly mapped today (the precise locations of numerous farms are not yet recorded), and some of the properties Huber visited no longer exist (such as the farm of Aureliano Pinto Lima Guedes). Therefore, the photos and maps are unique records of the region.


Map of Cape Maguary (1896)
(Marajó Notebook nº 20, Goeldi Museum)

Farm of Aureliano Pinto de Lima Guedes (1896)
(Archive Guilherme de La Penha, Goeldi Museum)

The four expeditions Huber made to Marajó are assembled on one map available in the Expeditions section. Navigate through the layers to view specific information or overlay them to have a contextualized perspective of Huber's journeys.

Expedições ao Marajó adicionadas à seção Expedições

O arquipélago de Marajó - localizado na foz do rio Amazonas - foi visitado por Jacques Huber quatro vezes: em 1896 (Cachoeira do Arari e Cabo Maguary); 1900 (rio Aramá); e 1902 (Jutuba).

A região é um rico campo para estudos botânicos devido à sua paisagem única: vastos campos naturais cobrem as porções leste e nordeste da ilha principal, enquanto a floresta tropical preenche suas partes sul e oeste. Huber explorou ambos os lados, resultando em aproximadamente 555 espécimes botânicos para o herbário do Museu Goeldi.

Além disso, o Marajó também é uma área de significativo interesse arqueológico. Os campos naturais abrigam numerosos montículos construídos por antigos grupos indígenas. Ao longo das expedições ao Cabo Maguary e à Cachoeira do Arari, Jacques Huber coletou plantas e descreveu a vegetação de alguns desses montículos, bem como registrou a existência de muitos outros tesos (alguns ainda desconhecidos pela ciência nos dias de hoje).

Especial atenção merece ser dada aos mapas e fotos que Huber fez no Marajó. O arquipélago ainda é pouco mapeado (a localização/identificação de várias fazendas ainda está ausente dos mapas), algumas das propriedades visitadas por Huber já nem existem mais (como a fazenda de Aureliano Pinto Lima Guedes). As fotos e mapas, assim, são registros únicos da região.

As quatro expedições que Huber fez ao Marajó estão reunidas em um único mapa disponível na aba Expeditions. Navegue pelas camadas para visualizar informações específicas ou sobreponha-as para ter uma perspectiva contextualizada das viagens de Huber.


Lucas Monteiro de Araujo

December 29, 2023

2023 is a milestone for the recognition of Jacques Huber as a photographer

(Portuguese translation below)

The year began with the display of 19 photographs by Jacques Huber in the exhibition “Moderna pelo Avesso: fotografia e cidade, Brasil, 1890-1930” (Modern Inside Out: Photography and City, Brazil, 1890-1930), curated by Heloisa Espada and hosted by the Instituto Moreira Salles (IMS) in São Paulo, Brazil. This exhibition, inaugurated on September 13, 2022, was described as “a visual essay on photographic production in Brazil during the First Republic [1889-1930], focusing on the urbanization process of some of the main cities of the time: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, and Belém.” Despite being relatively unknown, Huber was considered one of the leading figures in photography produced in Brazil during that period, placing Belém among the urban centres that witnessed an artistic avant-garde focused on aesthetic research and the expansion of photographic technology's uses. The exhibition concluded on February 26, 2023, but information is still available on the IMS website. A catalogue featuring texts and the reproduction of all exhibited photographs has been published and is available in the IMS store.



Exposição "Moderna pelo avesso: fotografia e cidade, Brasil, 1890-1930" no IMS Paulista. Fotos de Mayra Azzi.

On September 9, 2023, two cultural foundations in São Paulo, the Instituto Tomie Ohtake and the Itaú Cultural, inaugurated the exhibition “Ensaios para o Museu das Origens” (Essays for the Museum of Origins) under the general curatorial direction of Izabela Pucu and Paulo Miyada. In this exhibition, the space dedicated to Huber was even more extensive, featuring 24 photographs, 40 prints from the work “Arboretum Amazonicum” (1900-1906), eight notebooks and diaries containing notes, drawings, and maps, and 15 plant samples collected by Huber during his travels in the Amazon and Brazilian Northeast. Huber’s photographs, mostly produced while he worked at the Goeldi Museum between 1895 and 1914, were selected for their intrinsic connection to an institution that, according to the curators, played a crucial role in shaping what they refer to as the “Brazilian matrix memory.” The Goeldi Museum, therefore, emerges as part of a “network of origins and gestures of memory functioning in dialogue with each other, as critical experiences in the construction of memory and preservation of cultural, material, and immaterial heritage throughout the country.” It is within this context that the curators appreciate Huber’s iconographic work, seen as something significant for the development of the museum field in Brazil. The exhibition concludes on January 28, 2024, and basic information is available on the Instituto Tomie Ohtake website.



Exposição "Ensaios para o Museu das Origens" no Instituto Tomie Ohtake. Fotos e vídeo de Cristiana Barreto.


Finally, on December 15, 2023, the 13th Diário Contemporâneo de Fotografia Award was launched with the presence of guest curator, Lívia Aquino. During the presentation ceremony of the theme, “Todo corpo em deslocamento tem trajetória” (Every moving body has a trajectory), the general curator, Mariano Klautau Filho, announced the assembly of the first solo exhibition of Jacques Huber. This exhibition will be one of the parallel shows to be set up in various cultural spaces in Belém, Brazil, in 2024. It is being conceived retrospectively, emphasizing the major themes of Huber’s visual production, in dialogue with the work of invited contemporary artists. This perspective, in a way, establishes a connection among the three exhibitions mentioned here, associating art and science, as well as documentary and aesthetic research. The Diário Contemporâneo de Fotografia Award website will soon disclose more information on the exhibition.

 

2023 é um marco para o reconhecimento de Jacques Huber como fotógrafo

O ano iniciou com a exibição de 19 fotografias de Jacques Huber na mostra “Moderna pelo Avesso: fotografia e cidade, Brasil, 1890-1930”, montada pelo Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo, sob a curadoria de Heloisa Espada. Essa exposição foi inaugurada em 13 de setembro de 2022 e foi definida como “um ensaio visual sobre a produção fotográfica no Brasil durante a Primeira República, com foco no processo de urbanização de algumas das principais cidades à época: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Belém.” Apesar de pouco conhecido, Huber foi considerado um dos expoentes da fotografia produzida no Brasil à época, inserindo a cidade de Belém entre os centros urbanos onde houve uma vanguarda artística voltada para a pesquisa estética e para a ampliação dos usos da tecnologia fotográfica. A mostra encerrou em 26 de fevereiro de 2023, mas as informações ainda estão disponíveis no website do IMS. Um catálogo com textos e com a reprodução de todas as fotografias exibidas foi publicado e está disponível na loja do IMS.

Em 9 de setembro de 2023 foi inaugurada a mostra “Ensaios para o Museu das Origens”, montada no Instituto Tomie Ohtake e no Itaú Cultural, em São Paulo, sob a curadoria geral de Izabela Pucu e Paulo Miyada. Nessa mostra, o espaço dedicado a Huber foi ainda maior, com 24 fotografias, 40 estampas da obra “Arboretum Amazonicum” (1900-1906), oito cadernos e diários, por onde se espalham notas, desenhos e mapas, e 15 amostras de plantas coletadas por Huber em suas viagens pela Amazônia e pelo Nordeste brasileiro. As fotografias de Huber, produzidas em sua maioria enquanto ele trabalhava no Museu Goeldi, entre 1895 e 1914, foram selecionadas por estarem intrinsecamente ligadas a uma instituição que ajudou a forjar o que os curadores denominam de “memória matricial brasileira”. O Museu Goeldi aparece, portanto, como parte de uma “rede das origens e de gestos de memórias funcionando em diálogo entre si, como experiências críticas de construção de memória e preservação do patrimônio cultural, material e imaterial em todo o país.” É nesse contexto que a obra de Huber é apreciada pelos curadores, como algo significativo para o desenvolvimento do campo museal no Brasil. A mostra encerra em 28 de janeiro de 2024. As informações básicas estão disponíveis no website do Instituto Tomie Ohtake.

Por fim, no dia 15 de dezembro de 2023, o 13º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia foi lançado com a presença da curadora convidada, Lívia Aquino. Na cerimônia de apresentação do tema, “Todo corpo em deslocamento tem trajetória”, o curador geral, Mariano Klautau Filho, anunciou a montagem da primeira exposição individual de Jacques Huber. Essa exposição será uma das mostras paralelas a serem montadas em vários espaços culturais de Belém em 2024. Ela está sendo concebida de maneira retrospectiva, dando destaque aos grandes temas da produção imagética de Huber, em diálogo com a produção de artistas contemporâneos convidados. Essa perspectiva cria, de certa maneira, uma conexão entre as três exposições aqui citadas, associando arte e ciência, assim como pesquisa documental e pesquisa estética. Informações serão divulgadas em breve no website do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

Nelson Sanjad